Postagens

Mostrando postagens de 2012

Intentona Profética

Sobre as fraquezas do homem que quando tem poder esquece Deus e quando está impotente, socorre-se do Todo-Poderoso e sobre os profetas que avançam loucamente sobre os crédulos, convencendo-os das mais estapafúrdias ideias, com, por exemplo, a do fim do mundo. É comum o que vou escrever aqui, mas também é verdadeiro. Devido ao fato de tratar de assunto controverso, peço que leiam desprovidos de preconceitos. Lembre-se que estou falando do povo d’além-mar, assim fica mais fácil absorver o que vem a seguir. Existem diversos tipos de credo. Existem diversos tipos de fiéis. Mas aqui pretendo focar, principalmente, no crente circunstancial, incidental. Grande parte da humanidade tem um credo de conveniência. Ou seja, quando perguntam na escola: Religião? A resposta será, via de regra: Católica. Agora, para a maioria esmagadora dessas pessoas essa é meramente uma resposta pré-definida, algo que se aprendeu em casa para, no melhor dos casos, evitar aborrecimentos ao se defi

Coração indômito

Coração indômito Em muitos aspectos Sou igual a um barco à deriva Levado ao sabor das vagas Nesses dias não é raro O passado se repetir no presente Ou se projetar no futuro Mas de tudo isso O mais importante É que continuo distante Do equilíbrio que vislumbrei um dia E talvez jamais o alcance. Cezar Lopes.

Fantasias

                Na minha cidade abriu mais uma loja de fantasias. Descobri hoje ao final da tarde enquanto voltava para casa.                 Num primeiro momento pensei, será que tem espaço para mais uma loja de locação de fantasias na cidade?                  Logo em seguida, numa reflexão mais profunda (a profundidade de um pires, mais ou menos) me dei por conte de que sim tem espaço para muitas dessas lojas ainda. E não só na minha cidade, mas no país inteiro. Afinal de contas não precisamos de festas para vivermos fantasias. O nosso cotidiano é uma grande fantasia.                 Senão, vejamos:                 Temos uma lei de trânsito perfeita, no papel, por que na prática é inócua. Ou seja, ela existe, mas é só de bricadeirinha. Exemplos do Transito: a)                          É proibido falar ao celular quando estiver dirigindo. Então eu penso, será que as dezenas de motoristas que vejo praticando essa proibição todos os dias acabam de chegar de marte? Po

Viver e morrer

Claro que eu não vivo para morrer, mas tenho esta convicção plena de que ainda vou acabar morrendo de tanto viver. poeta Cezar Lopes.

O Mingau do General

D O general         G passava mal              A quando seu nariz            D caiu no mingau pobre general              G ficou sem mingau              A sem o seu nariz            D e passando mal Mas então de repente                G veio a fada do dente              A e disse: general                     D tu não estás mais doente                            G E o general dizendo: Bravo! Bis!                     A pediu que a fada do dente                   D lhe desse outro nariz                         G a fada atendeu, e o general                A  ficou feliz da vida            D etcétera e tal... Sirleni Juliana - Cezar Lopes.

DEGENERAÇÕES

                   – Que pó preto é este? Debaixo da porta um pó preto, enchia uma colherinha de café, caíra durante a noite. Mesmo com a janela aberta, a claridade que entrava no quarto era fraca porque, lá fora, o dia nublado prenunciava chuva. E, além disso, eu ainda estava carregada de sono, a noite não havia sido suficiente para esgotar a cota do sono que este corpo de mais de sete décadas faz jus. Com dificuldade para me manter em pé – pois os joelhos estão cobrando descanso e reclamam do peso da massa corpórea – dirigi-me ao banheiro, apressadamente, precisava rápido chegar. Na volta, aliviada, acendi a luz, busquei os óculos para conferir o falado pó preto. Foi traumático abaixar até o chão. Outra vez, difícil foi agüentar o desconforto de genufletir para enxergar a misteriosa aparição tão distante da minha vista. A curiosidade foi mais forte. Passei suavemente a ponta do dedo indicador, a circulação já levou boa parte do tato, julguei que era pó de café. Melhor examinei, e

Ladrão, uma carreira de sucesso!

              Quando vejo essas palestras sobre produtividade, desempenho, competitividade e afins, fico me perguntando, o que está fazendo esse brilhante palestrante que não vai tocar o próprio negócio e ficar milionário com todo o conhecimento que possui? Mas que alma generosa, não? Abre mão de ser bilionário para ensinar aos outros a serem trilionários... Bem, ao menos é o que a chamada da palestra diz... Hum...               Isso me fez pensar em explorar um novo nicho de palestra.   Venha conhecer o palestrante Pael Pimentel! Você que pretende seguir a carreira de meliante, seja o melhor, pró-ativo, dedicado, 5’S e coisa e tal. Você ainda não entende, mas a sociedade precisa dos seus serviços e o mercado é competitivo, venha conhecer, com Pael Pimentel, as mais novas técnicas de atingir seu público-alvo, com garantia de satisfação para todos.              P ael Pimentel mostra técnicas inovadoras trazidas diretamente de importantes centros urbanos tais como, Nova Iorque, e Chic

Naquela Tarde

É nestas tardes frias, iguais a de hoje, minha Bahia, que me lembro saudosa de ti correndo solitária, eu sozinha, na praia do Bogari, brincando na espuma das marolas. Foi num entardecer, o sol parceiro cingiu com raios mornos, derradeiros, o final do primeiro sonho de amor. Ah, o mar! Confidente, vendo meu pranto num acalanto silente escondeu, na melodia chorosa do canto das ondinas, os soluços da desdita de um adeus da menina-mulher conhecendo o princípio das artes da paixão . É nestas tardes de inverno, na solidão, sabendo que já não existe de um romance o aceno, a chance do amor se perdeu nos labirintos dos anos que o tempo exigiu e se impôs. Hoje deixa cair a última lágrima, atrasada, não vertida, naquele dia na praia do Bogari. Ione Jaeger – Novo Hamburgo, 2003

Reflexão

Sempre repasso meus dias Sempre repenso meus atos Sempre repiso meus passos E quando me vejo desnudo Ouço essa máxima que me desafia A de que ninguém Absolutamente ninguém Foge à sua biografia E eu tampouco.

Bom

Que bom ter a tua compania eis que o dia para todos se acaba Então, enfim, é bom ter você perto de mim enquanto o dia acontece assim como a vida que somos nós antes do pó. Cezar Lopes.

Pobres

Pobres patetas Poetas, profetas Pernetas do verbo Verbetas? Constroem odisséias Cumprem suas penas E dormem sob sua fama para sempre. Cezar Lopes.

Cedo

é cedo, eu sei mas que seja, também, o primeiro de um tempo longo e pleno de felicidade pois que, sem engano afirmo, o que é certo por mais que seja longo todo o tempo se esgota É a lei universal do tempo perdido que, em verdade são dois o que já passou e aquele que ainda sequer foi parido. Cezar Lopes.

Poema

Cada pedaço de papel é um poema escrito, ou prontinho para ser escrito. Cezar Lopes.

Liberdade

Liberdade quem disse que precisamos disso? Se somos livres, porém, submissos Se somos livres, porém, omissos que liberdade estranha! Pensamos e proferimos palavras a granel, mas, na hora do compomisso Não saímos do papel... Liberdade, isso é liberdade? Deus do céu!

Havia

Havia, houve, haverá Em que tempo importa existir Se, em seu tempo deixará para trás, todo o tempo em que estavas, estiveste, estarás? Quanto tempo, ainda até chegares ao simples entendimento de que tu, também, passarás?

Quadro

Pintura fenomenal o quadro se formou de forma espontânea Eis o segredo da forma disforme que se forma na imensidão das possibilidades às quais chamamos vida...

Tempo

O passar do tempo envolve e revolve sentimentos Penso, onde vai o tempo que passou? Passou mesmo? Quanto a dizer e tão poucos a a escutar o tempo...

Tic Nem-tac

Tic tac Nem-tic Nem-tac E eu aqui O tempo todo E nunca mais. Cezar Lopes.

Ah

Ah, se te disser quanto tenho e quanto busco Terás a exata noção das distâncias entre nossos mundos e um pouco mais... Cezar Lopes.

Longe

Longe, bem de longe vem essa vontade de existir em outro tempo, em outro plano Longe, bem para longe, vai a capacidade de fugir do insano mundo do dia-a-dia. Cezar Lopes.

A Leoa

Não há quem a emoção não dobre e vença, Lendo o episódio da leoa brava, Que, sedenta e famélica, bramava, Vagando pelas ruas de Florença. Foge a população espavorida, E na cidade deplorável e erma Topa a leoa só, quase sem vida Uma infeliz mulher débil e enferma. Em frente à fera, um estupor de assombro, Não já por si tremia, ela, a mesquinha, Porém, porque era mãe e o peso tinha, Sempre caro p'r'as mães, de um filho ao ombro. Cegava-a o pranto, enrouquecia-a o choro, Desvairava-a o pavor!... e entanto, o lindo, O tenro infante, pequenino e louro, Plácido estava nos seus braços rindo. E o olhar desfeito em pérolas celestes Crava a mãe no animal, que pára e hesita, Aquele olhar de súplica infinita, Que é só próprio das mães em transes destes. Mas a leoa, como se entendesse O amor de mãe, incólume deixou-a... É que esse amor até nas feras vê-se! E é que era mãe talvez essa leoa! Raimundo Corrêa

Ideologia, eu preciso de uma pra viver?

Ouvindo o programa Esfera Pública da rádio Guaíba, ontem, fiquei intrigado com algumas afirmações dos entrevistados. Questionado pelo apresentador, Juremir Machado da Silva, sobre as coligações que se formaram para as eleições de Porto Alegre, onde partidos de ideologias completamente antagônicas estão juntos na busca pelo poder na capital gaúcha, um dos entrevistados, representando o PCdoB, afirmou que não havia nenhum empecilho ideológico já que eles não pretendiam implantar um governo socialista na capital mas, sim, governar Porto Alegre, juntamente com o PP, fortemente representado, no Rio Grande do Sul, pela senadora Ana Amélia Lemos.      O entrevistado afirmou ainda que, apenas 15% dos votos da senadora foram de cunho ideológico, os outros 85% foram votos pessoais, ou seja, votos conferidos à pessoa em detrimento, inclusive do partido.      Quanto ao voto ser muito mais pessoal do que ideológico, bem, até aqui, nenhuma novidade. No entanto, quedei-me a pensar sobre as ideo

Vida fatal

Talvez você não entenda Mesmo Este fatalismo Que acompanha o ser Mas, a verdade Meu irmão A verdade É que nascemos mesmo para morrer. Cezar Lopes.

Despacho pago

Conta a história que quando Ibsen Pinheiro era presidente do Sport Club Internacional e este passava por uma péssima fase, surgiu no Beira Rio um pai de sando inculcando a idéia de que a má fase era resultado de "trabaio", e que por um valor (alto para a época) resolveria o problema. Pois, diz que foram tantos os apelos de alguns conselheiros que o presidente do Internacional se viu na situção constrangedora de ceder às pressões dos crédulos que levavam muito a sério as palavras do pai de santo. Então, sem mais preâmbulos, o presidente chamou o pai de santo em seu gabinete e foi direto ao ponto: - Muito bem, eu vou lhe pagar pelo trabalho, mas já adianto que há duas pessoas que não acreditam nessa história. Assombrado com a franqueza do chefe máximo do clube o pai de santo perguntou: - Mas que são essses dois, "dotôr"? Ao que Ibsen Pinheiro respondeu de forma inequívoca: - O primeiro és tu, e o segundo sou eu. E o terceiro, se estivesse lá, claro, seria eu.

Meus Versos

Quando escrevo meus versos não raro dispenso a rima ignoro a métrica pouco me importo com a estética Versos sentidos, sofridos paridos à custa de minhas angústias não precisam de permeio o recheio é o meu sangue o adorno, minhas lágrimas e o significado um mistério desnudo àqueles que têm o dom o sacromaldito dom das próprias emoções alheias. Cezar Lopes.

PORTARIA HIGIÊNICA

Imagem
Há uns três anos recebi por e-mail um power points (pps), falando sobre a delícia, maciez  aveludada etc, de  conhecidíssima marca de papel higiênico  (papel dichieno, como dizia a Alemoa, faxineira do prédio). Era uma crônica engraçada, não me lembro o autor.            Após a leitura, quedei-me a ruminar sobre o popular objeto - indispensável e íntimo.            Quando criança, bem pequena, lembro-me do bloquinho de papel sanitário. Era um bloco de verdade. Cem folhas, mais ou menos de 15 x 12 cm. Podia ser de fabricantes diferentes (poucos), porém todos da mesma cor, não havia coloridos nem perfumados. Contou-me uma professora que o diretor da escola quando alguém buscava a chave para ocupar o sanitário, junto recebia a cota do papel. Duas folhinhas. E se vira!...            A vizinha, uma garota da minha idade, falou que na sua casa usava-se somente aos domingos. Luxo! Nos dias de visitas. Demais dias, era jornal. O emprego desse substituto deixava a roupa interna (calcinha e

DESCANSO INSULTUOSO

Quero morrer sadia, sã após um dia batalhando para viver sobreviver envolver, compromissada com a vida Não quero morrer doente, nem de repente, acidente - muito menos! Programo-me para "aquela" morte: - vou dormir feliz, tranqüila erguendo castelos de sonhos imperatriz dos meus desejos... Dormir de barriga pra cima, roncar em posição confortante voltar à vida fetal uterina Sonhar com melancia vermelha, doce, matando a sede e a fome canina de carinho Receiar que almas penadas, esquecidas, abandonadas venham meus pés puxar Sentir perfume de morto, de vela apagada de jasmim-do-cabo... Dias depois quando de mim derem falta estarei dormindo de boca aberta (um olho aberto, outro fechado) lívida, extinta - Ó! Descansou!... Ione Jaeger Ribeirão Preto/SP  -  Novembro de 1998

CORRENTE DA SORTE

Imagem
Mais uma carta-corrente chega às minhas mãos. Foi deixada hoje, 7 de junho, na caixa do correio. Diz no cabeçalho do texto, “Pensamento Positivo – 16 de outubro dia de Santa Edwides”. Manualmente escrita, a caligrafia atesta alguém com pouca escolaridade e o português afirma – erros crassos, cinco a cada quatro palavras. Garante o autor da missiva que a carta veio trazer sorte. Igual a todas, no jogo do bem e do mal. Grandes males podem acontecer com os desobedientes. O maior deles é perder ou deixar de ganhar fortunas, seguido de mortes e perdas de amor, de alguém querido. A carta inicia ordenando: beije alguém... e mais adiante, ela deverá sair de suas mãos em 96 horas (04 dias)... Alberto recebeu a cópia cedo, antes do café da manhã. Apressadamente, em leitura dinâmica, percorreu os olhos nas primeiras linhas; beije alguém... beije alguém... você morre... morre... perde o emprego... morre... perde o emprego... perde a esposa em seis dias... beije alguém... al

O SARAU

O SARAU Homens, mulheres, artistas Música, declamadores, sons, oradores, poética! Poetas, poetisas, almas juvenis, virtuoses Sonhadores perfis, idéias românticas, existenciais, vividas, lapidadas, esculpidas de cotidiano elevado, sublimado de grandezas virentes Sentimentos de amor, de ardor, mensagens, propostas, certezas, verdades, auréola de paz, de dúvidas, fraternidade – mãos dadas! – em letras evoluem e se diluem Culta seiva nutre, alimenta cultiva o pensamento que une, atrai, fala ideais palavras que não são iguais... No peito o coração bate, brilha na alma o olhar do apanágio de cada em um só!... Um só! O léxico da bela arte transcende a unicidade e a singularidade do homem irradiando a visão de ser em manifestação futura e eterna, perpetuando a arte melódica e soberana da literatura sua excelência – a POESIA! Ione Jaeger – do livro Strip-Tease, 1997

Adote um policial

Como diz o título, adote um policial. Sim, você que se sente inseguro, mas não tem dinheiro para pagar uma segurança privada qualificada, a solução está aí. Adote um policial. Eles são treinados, altamente qualificados e extremamente mal remunerados. Então, que tal? É uma proteção sem igual, na iniciativa privada, e para desfrutar dessa tranquilidade afastando da sua família todo o mal, entre gratuitamente para o programa: Adote Um Policial. As vantagens são imensas, o custo é ínfimo e o retorno é garantido. Para quê porte de arma, ou portar uma arma ilegal? Se a solução mais simples é adotar um policial? Haverá quem prefira um cachorrinho no quintal (adotar crianças está fora de moda), fazendo a alegria da prole, porém, na hora do sufoco, só pitbull não corre, e ainda que não saiba que mata sua coragem não lhe socorre, afinal ele também não sabe que morre. O policial por sua vez, tem consciência do dever, e quando se empenha em seu trabalho, sua coragem faz seu medo arrefecer. Polic

Adeus minha amada mãe

Mãe, minha amada mãe terminou mas não devia ser assim a gente não controla o começo mas deveria controlar o fim. Cezar Lopes.