Fantasias
Na
minha cidade abriu mais uma loja de fantasias. Descobri hoje ao final da tarde
enquanto voltava para casa.
Num
primeiro momento pensei, será que tem espaço para mais uma loja de locação de
fantasias na cidade?
Logo
em seguida, numa reflexão mais profunda (a profundidade de um pires, mais ou
menos) me dei por conte de que sim tem espaço para muitas dessas lojas ainda. E
não só na minha cidade, mas no país inteiro. Afinal de contas não precisamos de
festas para vivermos fantasias. O nosso cotidiano é uma grande fantasia.
Senão,
vejamos:
Temos
uma lei de trânsito perfeita, no papel, por que na prática é inócua. Ou seja,
ela existe, mas é só de bricadeirinha.
Exemplos do Transito:
a)
É proibido falar ao celular quando estiver
dirigindo. Então eu penso, será que as dezenas de motoristas que vejo
praticando essa proibição todos os dias acabam de chegar de marte? Por que eles
fazem isso escancaradamente com total despreocupação com possíveis consequências.
Por que será?
b)
Não ultrapassar com faixa amarela contínua. De
novo, será que só eu vejo linhas contínuas na BR-116. Afinal no trecho pelo
qual transito as ultrapassagens nas condições supracitadas são mais freqüentes
que as ultrapassagens na linha pontilhada, é que a proibição existe, mas é só
de bricadeirinha, né?
Por falar em
brincadeira, outro exemplo que comprova que lojas de fantasias têm ainda muito
espaço a conquistar no mercado de nossa existência... Vamos falar agora de um
nível mais sofisticado de fantasia.
Exemplo do Mensalão (Ação Penal 470):
a)
O ministro Marco Aurélio surpreende, a quem
acredita em papai Noel, claro, e muda seu voto, absolvendo toda a camarilha do
PT. Como é? Isso pode? Pode, tanto pode que ele o fez. Mas como? Ora,
justificando sua mudança, claro. E como ele justificou essa atitude
aparentemente incompreensível por qualquer ser humano com mais de dois
neurônios plenamente funcionais (os famosos Tico e Teco), ah, bom o que
aconteceu foi o seguinte: segundo o ministro ele se deu por conta, depois de
proferir seu voto, que para ser considerada quadrilha a união de esforços dos
quadrilheiros deve ser realizada, obviamente, por mais de três meliantes. Ora,
como, depois de todo o ocorrido, um deles, O então deputado federal pelo PP,
José Janene, morreu no decurso do processo, não existe mas, obviamente, uma
quadrilha, posto que quadrilha é de quatro para cima e, no caso, só restavam
três dos quadrilheiros que, portanto, não poderiam mais serem qualificados como
tal. Hum, então, mesmo depois do ato consumado se pode desfazer a quadrilha?
Deixa-me ver se entendi? Se o rapaz termina de copular e morre em seguida é
nula a gravidez conseqüente do referido ato? Puxa! Nunca tinha pensado nisso
ministro Marco Aurélio. O senhor é mesmo um gênio! Aliás, fantasias de gênios
estão em promoção por que poucos a querem. A grande maioria hoje quer ser
palhaço. Vai ver é por que fica mais fácil interpretar um papel que já conhecemos
do dia-a-dia.
Mas o mundo do faz de conta diário não se restringe a apenas estes
exemplos apontados.
De maneira geral podemos dizer que tudo à nossa volta é como uma Matrix
só que não de máquinas dominando homens, mas de malandros dominando otários.
Exemplos gerais:
a)
Todos são iguais perante a lei! É, mas é de
brincadeirinha.
b)
Todos têm direito a um julgamento justo. Nossa,
são tantos os casos que poderia citar aqui que é melhor nem começar a elencar.
c)
Toda criança tem direito...
Bah, melhor
parar por aqui. Fica difícil continuar sem ceder à tentação de ir correndo par
a nova loja de fantasias da minha cidade e pedir aquela que melhor se enquadra
ao meu perfil, que seriam certamente três, como a do nosso ex-presidente, uma
para cada ocasião: cego, surdo, ou mudo. É só escolher vestir e sair para a
festa, com o nosso dinheiro, é claro, mas gente, é só de brincadeirinha.
Cezar Lopes.
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