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Mostrando postagens de agosto, 2008

D E S C A N S O I N S U L T U O S O

Quero morrer sadia, sã após um dia batalhando para viver sobreviver envolver, se compromissar com a vida Não quero morrer doente, nem de repente, acidente, muito menos! Programo-me para "aquela" morte: - vou dormir feliz, tranqüila erguendo castelos de sonhos ser imperatriz dos meus desejos... Dormir de barriga pra cima, roncar em posição confortante voltar à vida fetal uterina Sonhar com melancia vermelha, doce, matando a sede e a fome canina de carinho Receiar que almas penadas, esquecidas, abandonadas venham meus pés puxar Sentir perfume de morto, de vela apagada de jasmim-do-cabo... Dias depois quando de mim derem falta estarei dormindo de boca aberta (um olho aberto, outro fechado) lívida, extinta - Ó! Descansou!... Ione Jaeger Ribeirão Preto/SP - Novembro de 1998

CONFITENTE

Sou flor bruta, flor do mato, flor agreste, cresci na simplicidade do inço, sem finesse, sem matiz, sem beleza na corola, o espelho diz! Para sentir meu aroma, muito amor, muito amor é preciso, (é um odor escondido no ser). Sou mulher de carne, calor, pulso e coração. Me entrego com amor, muito mel, muito afã no viver da mineral criatura. Sou ardente, apaixonada no minuto duradouro da eternidade quando estou nos braços teus. Sou sincera, autêntica, verdadeira, sentindo tua aura, mas desligo-me no seguinte momento da vertente da paixão. A razão me censura: Dar ouvidos aos gritos da alma? Não escute essa alma que sangra descarnando vivências de jamais ter sido amada. Coloco sentimentos na vanguarda defensiva, estilhaçando na sapa do peito minas enterradas: as falácias do amor! Confesso: sou insegura, receosa das tuas emoções, Não permito... e dói! Não permito enraizar no coração um espaço compassivo, comprazente à voz de Eros. Toda vez que atendi recebi a unilateralidade da sentença: Só

O MEDO CAUSADO PELA INTELIGÊNCIA

Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: "Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta". Ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pôde dar ao pupilo que se iniciava numa carreira difícil. Isso, na Inglaterra. Imaginem aqui, no Brasil. Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa: "Há tantos burros mandando em homens de inteligência,que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma Ciência". A maior parte das pessoas