Naquela Tarde

É nestas tardes frias,
iguais a de hoje,
minha Bahia, que me lembro saudosa de ti
correndo solitária, eu sozinha,
na praia do Bogari,
brincando na espuma das marolas.
Foi num entardecer, o sol parceiro
cingiu com raios mornos, derradeiros, o final
do primeiro sonho de amor.
Ah, o mar!
Confidente, vendo meu pranto
num acalanto silente escondeu, na melodia
chorosa do canto das ondinas,
os soluços da desdita
de um adeusda menina-mulher
conhecendo o princípio das artes da paixão .
É nestas tardes de inverno, na solidão,
sabendo que já não existe de um romance o aceno,
a chance do amor se perdeu nos labirintos dos anos
que o tempo exigiu e se impôs.
Hoje deixa cair a última lágrima,
atrasada,
não vertida,
naquele dia na praia do Bogari.
Ione Jaeger – Novo Hamburgo, 2003

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