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Mostrando postagens de dezembro, 2015

Só porque é natal

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Ricardo é empresário. Nascido em berço pobre, lutou muito para construir seu patrimônio e acredita que dar esmola em nada contribui para o crescimento do cidadão. Não obstante, ao voltar para casa todos os dias deparava-se com um menino franzino, pele parda, olhos verdes e cabelos loiro, liso e pastoso que vinha sorridente até a janela do seu veículo: - Tio, tem uma moedinha? Passaram-se os meses e mesmo depois de muitas negativas o menino persistia. Com seu sorriso de criança sempre que Ricardo negava-lhe o pedido agradecia e saía saltitante correndo em direção a outro veículo. Pelo retrovisor, Ricardo observava pensativo: devo admitir que esse guri não desiste facilmente... Ah, e tem o jeito de correr do Garrincha também. Então o sinal abria e Ricardo seguia viagem deixando para trás o “menino da sinaleira” como o havia apelidado na conversa com os amigos. Vinte e três de dezembro, a cidade, enfeitada, prepara-se para receber ao Papai Noel. As luzes coloridas es

O Bolo

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Moro sozinho, sem gatos nem cachorros, e sou diabético. O que tem o diabetes a ver com essa estória? Bem, não se encontra doces para diabéticos em qualquer esquina e eu estava desejoso de comer um bolo de chocolate. Foi assim que tudo começou. Para fazer um bolo, segundo minhas pesquisas, uma das coisas de que precisaria além do pacote de bolo, evidentemente, seria uma batedeira. Mas eu não tinha batedeira. Então fui até uma loja de departamentos e rapidamente encontrei o que procurava. Batedeiras! Sim, eram várias! Dos mais diversos tamanhos, das mais diversas cores e marcas. Ótimo! Contudo, eu só quero fazer um bolo de chocolate. Procurei a mais simples. Enquanto escolhia uma vovó às minhas costas comentou: - Só 150 watts? Essa é muito fraquinha! Respirei fundo e fiz de conta que não era comigo. Logo chegou a acompanhante da vovó e acrescentou dirigindo-se a mim: - É mesmo. Essa aí é muito fraquinha. O senhor vai se arrepender. Aí fui obrigado a retruca

Ruas Desertas

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                          Foto: Filipe Moraes Ando pelas ruas desertas Desta cidade que me acolheu O vento revolve as folhas caídas Num bailado embalado Por uma melodia silenciosa Penso... porque não sei não pensar... Lembro, triste sina essa A de lembrar... Tantas conquistas Tantas derrotas Tudo em vão... Que desperdício... O desperdício é um vício Que mais sobra quando falta... Nos shoppings, mercados, nas lojas Vejo pessoas ... Todas iguais... todas velhas conhecidas... Começam a se repetir... Lembrando alguém que persiste na memória... Somente na memória... Tempo... vida... que grande falácia... Brindemos, pois, a essa desgraça... Agora o Arlequim já pode chorar. Cezar Lopes.