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Mostrando postagens de março, 2012

Meus Versos

Quando escrevo meus versos não raro dispenso a rima ignoro a métrica pouco me importo com a estética Versos sentidos, sofridos paridos à custa de minhas angústias não precisam de permeio o recheio é o meu sangue o adorno, minhas lágrimas e o significado um mistério desnudo àqueles que têm o dom o sacromaldito dom das próprias emoções alheias. Cezar Lopes.

PORTARIA HIGIÊNICA

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Há uns três anos recebi por e-mail um power points (pps), falando sobre a delícia, maciez  aveludada etc, de  conhecidíssima marca de papel higiênico  (papel dichieno, como dizia a Alemoa, faxineira do prédio). Era uma crônica engraçada, não me lembro o autor.            Após a leitura, quedei-me a ruminar sobre o popular objeto - indispensável e íntimo.            Quando criança, bem pequena, lembro-me do bloquinho de papel sanitário. Era um bloco de verdade. Cem folhas, mais ou menos de 15 x 12 cm. Podia ser de fabricantes diferentes (poucos), porém todos da mesma cor, não havia coloridos nem perfumados. Contou-me uma professora que o diretor da escola quando alguém buscava a chave para ocupar o sanitário, junto recebia a cota do papel. Duas folhinhas. E se vira!...            A vizinha, uma garota da minha idade, falou que na sua casa usava-se somente aos domingos. Luxo! Nos dias de visitas. Demais dias, era jornal. O emprego desse substituto deixava a roupa interna (calcinha e

DESCANSO INSULTUOSO

Quero morrer sadia, sã após um dia batalhando para viver sobreviver envolver, compromissada com a vida Não quero morrer doente, nem de repente, acidente - muito menos! Programo-me para "aquela" morte: - vou dormir feliz, tranqüila erguendo castelos de sonhos imperatriz dos meus desejos... Dormir de barriga pra cima, roncar em posição confortante voltar à vida fetal uterina Sonhar com melancia vermelha, doce, matando a sede e a fome canina de carinho Receiar que almas penadas, esquecidas, abandonadas venham meus pés puxar Sentir perfume de morto, de vela apagada de jasmim-do-cabo... Dias depois quando de mim derem falta estarei dormindo de boca aberta (um olho aberto, outro fechado) lívida, extinta - Ó! Descansou!... Ione Jaeger Ribeirão Preto/SP  -  Novembro de 1998