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Mostrando postagens de 2017

Pátria

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Pátria Ó pátria madrasta Te apraz ver teus filhos Chorando Pátria Ó pátria cruel, malfazeja Fico eu me perguntando Até quando? Até quando? Kzar

O Abraço

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Saiu do mercado com duas sacolas. Lentamente percorria os duzentos metros que o separavam de sua casa. A certa altura, cruzou a rua para escapar do sol que insistia em cegá-lo! Achou engraçado aquele pensamento. Não seria cego de qualquer forma? Ninguém poderia esclarecê-lo. Aqueles que concordavam com suas ideias o chamavam de amigo, inteligente. Os que discordavam o rotulavam de idiota, sem capacidade. Ora, que se danem todos, ironizou. Subitamente ergueu a cabeça e viu a rua deserta. Sempre estava deserta naquele horário. Em seus pensamentos enxergou Deus logo adiante, bem ali na esquina de sua casa. Pois bem, conjecturou, Deus poderia mesmo estar ali à sua espera, porem, não o encontraria quando chegasse lá. Afinal, para estar com Deus primeiro se fazia necessário crer, ter fé. Todavia, fé nunca fora seu forte. De toda forma, não chegaria à esquina, pois sua casa ficava no meio da quadra. Aparentemente, Deus teria de esperar mais um pouco, o que não significa nada para

Bagagem

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quando partir vou levar,   principalmente,  os restos de meu corpo esgotado, meu pensamento cansado e essa imensa saudade que sinto, antecipadamente, de ti... Kzar

“Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem!”

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Eles se encontraram num grupo de viagens do facebook. A promoção anunciava um tour pela Terra Santa. Compraram as passagens e começaram a trocar informações. Quando alguns descobriram ter por lar a mesma cidade decidiram se encontrar uma semana antes da viagem para se conhecerem. Tratando-se de uma viagem religiosa, Pedro o líder do subgrupo – formado a partir do grupo da agência - entendeu ser de bom alvitre pedir as bênçãos dos céus antes da viagem, assim, tomou a frente e marcou o encontro na porta da Catedral. Assistiriam a uma missa encomendada por ele em favor de sua sorte na viagem e depois poderiam sair e bater um papo, trocar algumas ideias. Alguns ainda argumentaram que eram religiosos, mas não católicos. Outros eram católicos, mas não praticantes. - Não importa, todos seguimos a palavra de Cristo, isso é o que v ale! Sustentou Pedro. Dessa forma, ainda que não muito interessados, todos terminaram por concordar afinal, mal não faria. No domingo marcado, m

Vila do Desespero - capítulos do cotidiano

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Hoje peço vênia para anunciar o lançamento de meu novo trabalho: Vila do Desespero - capítulos do cotidiano. Data: 23/02/2017 Local: Noble Book, Rua Marcílio Dias, nº 1358, Centro de Novo Hamburgo. Fones para contato: (51) 3939-3763, (51) 35610801. e-mail para solicitar a obra antecipadamente: cezaraugustolopes@hotmail.com. Dá-me a honra da tua presença! Uma sociedade não é algo acabado. Tampouco consiste naquilo que dela percebemos em nossos limitados horizontes. De fato, tenho comigo que sociedades assemelham-se a matrioscas, aquelas bonecas russas cujo interior contém sempre mais uma boneca. Por vezes, essas sociedades ocultas - algumas secretas, outras discretas, mas todas absolutamente concretas - são espinhosas, noutras vezes, românticas. Em outros casos, ainda, são simplesmente tão diferentes que nos chocam apenas por isso. Serão todas reais? Sim. São reais. Cada uma, no seu tempo e espaço - para me valer de uma ideia do professor Juremir Machad

Ela volta logo

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Ela saiu cedinho para comprar pão. Há muito tempo não fazia isso. Ele sentiu-se privilegiado. Feliz com aquele gesto de afeto tão nobre. Lembrou-se do dia em que a conhecera. Uma tarde comum, um arrebol singelo emoldurava a biblioteca quando esbarraram um no outro. Ele estava atrás de trabalho. Ouvira falar de uma vaga ali por perto e fora conferir. Do nada ela surgiu saída da biblioteca, carregada de livros. Ela não o viu. Ele, naqueles dias, via apenas as contas por vencer. Angustiado, tentava adivinhar o endereço que, de fato, não tinha, onde haveria a tal vaga para... Para o quê? Mesmo? Nem lembrava! Naquelas alturas não fazia a menor diferença. Qualquer serviço serviria, afinal, ele era formado e reformado em Tudologia! E era um tudologista de mão cheia. Ela, uma professorinha, delicada, sonhadora e carregada de material de pesquisa para suas aulas prestando atenção estrita nos estreitos degraus que descia cuidadosamente sentiu que caía e seu material se espalhava pela calçada.