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Mostrando postagens de 2011

Natal extemporâneo

Trinta e um de dezembro, Marcelo estava terminando alguns documentos em seu escritório quando de súbito: - Ho, ho, ho! - Aaah! Que susto! Quem é você? Como entrou aqui? - Sou o Espírito do Natal. - Hum, Espírito que Anda, puxa, mas você engordou hein? - Que Espírito que Anda o quê? Sou o Espírito Natalino. Vim trazer seu presente de natal. - Por quê? - Por que você se comportou. - Espere um pouco eu não conheço você, nunca fomos apresentados e você aparece do nada me trazendo um presente alegando que eu me comportei? Você anda me seguindo? - Bem, não... - E depois, o Natal já passou estamos na véspera de ano novo! - É, sabe como é... A população mundial só aumenta e eu continuo com a mesma equipe desde sempre... - Sei. E você nunca ouviu falar em DHL, Upsense, SEDEX? Depois, ainda não me explicou por que eu devo aceitar presente de um velho gordo que eu nunca vi. - ??? - Bem, quer dizer, desculpe, não quis ofendê-lo. Devia ter dito um idoso obeso. - Bom eu sou o Papai No

O malandro e o xampu ou dura lex sed lex

O processo corria célere. Nem querelante nem querelado tinham mais quaisquer dúvidas sobre o resultado. João da Silva, profissão, malandro, ocupação, batedor de carteira, natural não se sabe de onde, achou uma mina de ouro num processo. Processou uma empresa fabricante de um dos xampus mais famosos da pátria por propaganda enganosa. Requerendo indenização por danos materiais e morais pelo constrangimento a que fora submetido ao adquirir “uma unidade do produto em tela na qual se lia em letras miúdas: cabelos com um brilho estonteante.” Ora, ocorre que João da Silva acreditou piamente no que anunciava a embalagem do produto. Mas as coisas não saíram exatamente conforme prometia o reclame. Claro que o cabelo do João também não era lá essas coisas, mas um brilho estonteante não se viu nem de longe e muito menos de perto. No começo ele pensou que deveria repetir a dose mais algumas vezes, mas mesmo após lançar mão de todo o conteúdo, nada de “brilho estonteante”. E foi essa a motivaçã

Cresça e apareça!

Sua mãe sempre dizia Filho, cresça e apareça! Pô, sacanagem dar este conselho a um anão.

Posso ser insano mas não estou sozinho

Meu Amigo diz   Angela Merkel disse que nenhuma ciumeira de líderes europeus vai resolver a crise orçamental européia, lembrando que é necessário atacar a raiz do problema pela redução da dívida e através de reformas, reforçando sobretudo as restrições à ESPECULAÇÃO. Cezar Augusto Lopes diz Ah pois é... E tem muito especulador que vive disso e só disso. Mas na Europa e nos EUA as pessoas estão acordando do sonho americano para uma realidade nada colorida. Por aqui, por enquanto, ainda se vê a América do Norte como um exemplo a ser seguido... Belo exemplo! Meu Amigo diz Aqui está todo mundo embriagado com as delícias de poder consumir coisas chinesas a preços baixos com a ajuda dos auxílios ao populacho e obras do PAC. Cezar Augusto Lopes diz Bem isso. Dura mesmo vai ser a ressaca. Meu Amigo diz Ja notou que parece que estamos em outro planeta? Tipo, não é comigo. Cezar Augusto Lopes diz Sim. Como se não estivéssemos intrinsecamente ligados pelo sistema financeiro que rege o mund

HAPPY FAMILY

por Marcelo Sguassábia A casa perfeita da família feliz recebia, de dois em dois anos, uma demão de tinta na parte externa e nos madeiramentos. A cada seis meses, dedetização e limpeza da caixa d’água. De 45 em 45 dias, o jardineiro para aparar a grama. Diariamente, a perua escolar e suas duas buzinadinhas regulamentares para buscar filhinho e filhinha. Havia pichações por todo o bairro, menos no imenso muro caiado da casa feliz. Nem sinal de sujeira de pomba, fuligem de queimada ou formigueiro. Asséptica e harmônica em suas formas, a casa feliz era quase música, uma figura etérea em meio à feiúra do quarteirão. Tinha chaminé, cerquinha, floreiras nas janelas e o caminhozinho sinuoso que saía da porta em direção à rua. Como de hábito, após dar lustro à coleção de miniaturas papai colocava os planos familiares em planilhas do Excel. Ali ficava horas com seus cálculos e projeções. Mamãe evocava a proteção divina em preces e cânticos. Depo

Mais

Querem saber mais? Mais de mim? Ora, é fácil e simples Perguntem a si mesmos o que tenho, o que sou enfim, perguntem o valor de sentirem o que sinto o quanto me dói viver sem começo nem fim apenas uma metástase nada mais que uma transição entre o que fui e serei para sempre, ou até que entendam por que sou assim Ou seja... ninguém O Universo sem começo, sem meio e sem mim, ou estou enganado?

Viver

Ele não acreditava em coisas novas. Para falar a verdade, não acreditava, sequer, em coisas velhas. Sua crença se resumia em sua capacidade, no dia-a-dia (ainda se separa assim?), em solucionar problemas. Foi quando apareceu Estela. Meiga, doce, sinuosa, diferente de tudo o que conhecia. Até então, seu mundo se resumia em bit's e flag's. Tudo muito simples. Matemática binária onde um mais um não dá dois, mas zero. Loucura, mas loucura real. Fácil de decodificar, fácil de entender. Contudo, surgira Estela. Que lhe mostrou a vida de uma forma diferente. Não de uma forma mágica, mas de uma forma diferente. Ali, ele tinha o controle da situação, não seu pai, nem sua mãe. E ele gostou disso. Com o decorrer dos dias sua vida foi se modificando. Não por que ele quisesse, mas por que ele precisava. Precisava se libertar, ainda que jamais pudesse admitir, ainda que jamais pudesse dizer francamente. Não tinha essa índole. Não ofenderia àqueles que lhe ofereceram

Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora N'alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse o espírito que chora Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja a ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! Raimundo Correia

A vila da viúva seca

- Nem uma lágrima, comentou seu João. - Nenhuma? Nenhuma mesmo? Quis saber o velho carpinteiro. - Nem uma, retornou seu João balançando a cabeça. E completou: a viúva não derramou nenhuma    lágrima sequer. A mulher é seca por dentro. Devagar como a cidade, a novidade foi se espalhando e crescendo. - Diz que até sorria, falou dona Maria, a lavadeira mais afamada do vilarejo. E também a única. - Quando levantaram o caixão viram ela fazer o sinal da cruz ao contrário. É coisa do demônio! Confidenciou o bêbado ao botequeiro. - Sabia que era bruxa. Falam que viram ela no cemitério depois do enterro, de noite. É feitiço, com certeza, esclareceu dona Flora, a primeira dama que seria, se a pequena vila fosse emancipada, abição que acalentava junto com todas as outras desmentidas pelo tempo que deixa rotos os sonhos pobres dos espíritos sem criatividade. - Dias antes de ele morrer diz que ela vendeu a alma dele pro capeta, retorquiu Nora, a vizinha da primeira dama, como se auto-intitul

Meus versos

Quando escrevo meus versos não raro dispenso a rima ignoro a métrica pouco me importo com a estética Versos sentidos, sofridos paridos à custa de minhas angústias não precisam de permeio o recheio é o meu sangue o adorno, minhas lágrimas e o significado um mistério desnudo àqueles que têm o dom o sacromaldito dom das próprias emoções alheias. Cezar Lopes.

Falei e disse

Falei e disse... Falei que era simples Falei que tinha jeito Falei que faltava respeito Falei por que... Falar é sempre mais fácil Não falei? Fazer é que é difícil. Falei, não falei? Então... Falei e disse... Cezar Lopes

Histórias tristes

Todos têm, pelo menos, uma história triste para contar... Duvida? Pergunte ao seu vizinho como vai. Afinal, neste mundo, onde cada um vale o que tem e ninguém nunca tem o suficiente triste mesmo é viver tentando valer o bastante. Cezar Lopes.

Vejam só

Vejam vocês! Tem gente querendo alcançar meus sentimentos profundos. Nossa! Que perigo! Sim, eu tenho sentimentos profundos. Só não estou disposto a compartilhá-los assim, tão facilmente.                 Estou muito preocupado com essa busca pelo eu que não pode ser dissociado do nós.                 Afinal, tudo se resolve numa simples regra de três, ou numa regra de três simples, como queiram.                 Dessa forma, as ansiedades da humanidade são iguais ao total das ansiedades, já que bicho irracional não tem ansiedade. Logo, as ansiedades de um indivíduo são iguais X ansiedades. Portanto, Basta multiplicarmos a ansiedade de um indivíduo pelas ansiedades da humanidade e dividirmos isso pelo total das ansiedades e pronto, teremos o resultado esperado. Eu disse, o resultado esperado, não as respostas.                 Respostas são individuais, nunca coletivas. Pois, diferente das normas de conduta sociais, construídas e dispostas ao conhecimento público, as respostas aos anseios

Da chuva

Está chovendo gosto muito da chuva ela lava minhas chagas leva embora minhas mágoas sacia minha sede de viver renova minhas forças torna-me mais forte e mais flexível para que eu seja impassível com os arrogantes generoso com os necessitados altaneiro mesmo nas derrotas e humilde em qualquer circunstância Ah, eu gosto muito da chuva.

Da sabedoria popular

"Amigo é aquele que, na hora da precisão, já chega batendo sem sequer se preocupar se é briga ou batizado."

Maria fogão, Maria pia

A panela de pressão pressionando, as crianças querendo atenção, a torneira pinga-pingando e Maria, pia, pilotando o fogão. Há quem diga que foi sempre assim. Maria é piedade e redenção. Maria é amor de mãe. Maria é toda, todinha, coração. Certo? Não. Maria era uma menina fagueira, faceira, brincando de roda, pulando amarelinha, iluminando a criação. Então, de repente, começou a crescer. Deixou de lado as bonecas, e descobriu o amor. A mãe, outra Maria, pia, ficou consternada, mas o que se há de fazer. Um dia aconteceria. Antes dos dezoito Maria estava grávida e o casamento foi apressado. Depois do primeiro veio o segundo e o brilho do olhar de Maria tornou-se, gradativamente, baço. Finalmente, depois de tantas decepções que os primeiros amores trazer de roldão, perdida e sem mais qualquer ambição, Maria tornou-se a Maria, pia, suportando, despretensiosa, a panela de pressão. Cezar Lopes. 

Marcas

As marcas que ficam em nós fazem calar tagarelas tornam mais forte e mais belas as palavras ponderadas As marcas essas marcas indesejadas tornam mais curtos os caminhos limpam a poeira das estradas As marcas tal qual alegrias e mágoas ficam pelo caminho e vão conosco as primeiras para sempre as segundas para a eternidade Para guardar humildade para desconhecer vaidades benditas sejam as marcas que nos vêm com a idade. Cezar Lopes.

O náufrago número 07

Quando o número 07 acordou encontrou os destroços ao seu lado. Havia naufragado em sua passagem por este plano. Por sorte e muito esforço, conseguira sobreviver. Mas, sobreviver, simplesmente, só tem valor, importância quando se está frente à morte certa. Depois disso já não basta. Naquelas condições seu primeiro passo foi buscar os restos úteis da nau de sua existência. Náufragos, descobriu naquele instante, têm o desejo ardente de retornar ao convívio em sociedade. Logo ele, refletia, que se imaginava capaz e plenamente feliz sozinho entre as gentes! Agora, todavia, cada pedaço dos restos úteis de sua história aos quais localizava remetia-o a pessoas às quais amava, pessoas às quais magoara. Então, ele chorou. Entretanto, também encontrou pedaços inúteis da embarcação da sua vida que remeteram-no a pessoas sem qualquer importância. Pessoas que se aproximaram dele apenas pr sua incapacidade de dizer não. Nesses momentos, então, ele riu. Riu alto. Gargalhou. Quem visse aqueles inst

Atenção

É meu dever informar que estarei longe desse espaço por algum tempo para tratar da saúde. Quanto tempo? Não sei. Dias, meses, não sei ao certo. Porém, caso não sobreviva, deixo meu agradecimento por sua amizade nessa vida. Obrigado. Falecido poeta - Cezar Lopes.

Quer brigar?

Quer brigar? Ok, mas não comigo estou cansado de guerras agora preciso apenas de um colo amigo... longe de mim... É que eu brigo sizinho!

Explicação

Quer explicar? Explique o que quiser Só não me chame pois estou a pé... Minha alma está só. Falecido poeta - Cezar Lopes.

Quando

Quando acontecer um dia de eu estar bem longe de você Sinta saudades de mim simplesmente por me querer bem... Falecido poeta - Cezar Lopes.

Agora

Agora? Mas já? Ah! Deixa estar! Cansei e por que não cansar? Acorda! Vai deitar! Dormir com os anjos, ou com alguém a quem possas abraçar, e sonhar... Levanta! Vai te encontrar Agora? O tempo acabou! E, dos teus sonhos o que sobrou? Agora é tarde Vai descansar para sempre sem paz. Falecido poeta - Cezar Lopes.

Passei

Passei correndo por aqui simplesmente pra dizer que depois de tanto tempo existindo sem vier venci a mortalidade agora volto ao meu lar aquele lugar, donde jamais sairei nem outra vez nem vez por outra aqui sim, sou feliz, longe do mundo, livre e seguro dentro de mim. Falecido poeta - Cezar Lopes.

Saudades

São tantas as saudades que tenho mas... enfim, de todas a maior delas é a saudade que sinto de mim. Falecido poeta - Cezar Lopes.

Prisão

De todas as prisões a pior delas continua sendo a liberdade.

Nunca vi

Nunca vi Mesmo! Nunca vi Também, Estive o tempo todo De olhos fechados. Falecido poeta - Cezar Lopes.

Ontem

Acordei de um pesadelo uma corrida fatal escapei, simplesmente por que tenho o sono leve e a alma plena de esperança. Falecido poeta - Cezar Lopes.

Das

Da estupidez dos treinadores de futebol: Fácil é controlar aos outros, difícil, realmente, é controlar a si mesmo. Da qualidade dos jogadores de futebol: Se o produto for bom, não se preocupe, sempre haverá quem compre. Agora, se o produto for ruim, não se preocupe, sempre haverá quem venda. Falecido poeta - Cezar Lopes. Da arrogância e da vaidade humana: "Sic transit gloria mundi" Do autor deste blog: R.I.P. Falecido escritor - Cezar Lopes.

Mensagem para o futuro

Meus verdadeiros irmãos são os loucos, os poetas os persistentes e os desvalidos os demais já estão vencidos pela mesmice da vida Onde a verdade parida, morre de fome e de sede, onde a ganância humana, que campeia entre os normais julga e condena aos iguais a uma vida sem vida Para mim, é outra a lida trabalho com o pensamento sou livre tal qual o vento com direitos de Senhor e ainda que me espante o horror dessas vidas sem sentido sou forçado a dar ouvidos a quem tem o que dizer Assim, num parecer de pensamento e de esforço deixo, aos que virão este esboço que define o fraterno Ser humano não usa terno quando nasce só quando morre... Então dispamo-nos das vaidades das aparências profanas e a elas demos o fim que cabe a toda a matéria Deixemos aos corvos as carnes e aos espíritos o ser já que depois de morrer o poder e o ter não importam Basta ver que os que confortam a

A bomba no espelho

Uma amiga poeta, Pricilla Camargo, fez uma poesia perguntando o porquê de a bomba ter explodido. A resposta que ela mesma fornece em poesia, em prosa pode ser dita assim: - A bomba explodiu por que tinha pavio curto. Não, claro, não a bomba. O construtor da bomba. Tivesse o ser humano mais tolerância para com aquilo que é diferente, as bombas jamais explodiriam. Fosse, o ser humano, tão inteligente quanto pensam as mães, e tão altruístas quanto se ufanam de sê-lo os maiores líderes mundiais a bomba jamais explodiria. Contudo, contraditoriamente, almejamos os píncaros e, no entanto, nivelamo-nos pelas masmorras. O resultado, naturalmente, é uma visão obtusa, eivada de preconceitos que ditam nossa conduta no dia-a-dia, enquanto humanidade. Naturalmente, se você perguntar a um indivíduo o que ele deseja para o mundo, ele responderá apenas com boas palavras e bons pensamentos. Todavia, se perguntarmos ao mundo o que ele deseja para um único cidadão, não haverá resposta. Por que o no