Opinião

Vamos esclarecer desde o princípio, estas palavras constituem a minha opinião neste momento e nada impede que eu mude de opinião se a minha percepção dos fatos, matéria que forma a opinião, mudarem ou, se minha perspectiva dos fatos mudarem.

Feito este esclarecimento, vamos ao que interessa.
 

Tenho acompanhado as manifestações pró e contra PT nas redes sociais. Eu mesmo me manifestei diversas vezes contra o PT que hoje está no poder. Mas eu também, no passado, já fui a favor do PT, por que admirava o empenho de seus militantes, sempre lutando pelo que acreditavam e buscando oferecer propostas melhores para o país.

Aconteceu, porém, que ao chegar ao poder o discurso mudou e os incorruptíveis se tornaram corruptos. Mudaram os fatos, mudou a minha opinião.

Contudo, minha visão sobre o PT não é genérica. Diferente de alguns papagaios de pirata que encontro nas redes sociais, quando um projeto é bom sei reconhecer e não me importa se é obra do PT do PSDB ou da avó do Badanha.

Assim, fico chocado quando vejo pessoas que se manifestam contra bons projetos simplesmente por que memorizaram meia dúzia de frases feitas contra determinado partido e seguem repetindo-as, julgando-se os guardiões de verdades pétreas.

Esses intelectualoides são os mais chatos. Por que criticam só pela crítica. Quando você pergunta o que eles estão fazendo para mudar o quadro do qual não gostam, surtam.

Recentemente um desse microencéfalos criticou um projeto do PT de São Paulo que oferece trabalho a drogados tirando-os das ruas. O projeto tem suas falhas? Tem. Mas alguém fez o que ninguém tinha feito, ofereceu uma alternativa honesta e não assistencialista para aqueles que realmente quiserem mudar.

Ora, oferecer tratamento não adianta se o drogado não quer se tratar. Oferecer uma forma digna de ganhar a vida é melhor do que deixar que matem um pai de família para conseguir dinheiro desonestamente. Foi o que argumentei, até então pensava que conversava com alguém com mais de dois neurônios. E perguntei: Você tem proposta melhor?

Aí o mentecapto me saiu com essa pérola: “Se eu fosse "dono da verdade", eu teria uma proposta prontinha sobre o que fazer com viciados. Em vez disso, confessei minha incompetência para propor seja o que for.” Pode? Quer dizer, o matuto se diz incompetente para propor qualquer coisa melhor, mas se reserva ao direito de criticar o que está sendo feito. É a crítica só pela crítica! Lembrei-me daquela música “se você pretende sustentar opinião e discutir por discutir só pra ganhar a discussão...”.

E como se não bastasse o argumento de fundo do sujeito é a velha teoria da conspiração: “E sei como o PT trabalha. Eles usam as boas causas como justificativa para sua agenda oculta. Eles SEMPRE têm uma agenda oculta.”.

Senhor! Então tá. Não tem sentido argumentar com quem não consegue enxergar se não for através de pré-conceitos. Não importa o projeto, se for do PT tem alguma motivação oculta! Barbaridade! Esse aí nem Freud cura!

Assim, abandonei o cérebro de ervilha às suas conjecturas e decidi fazer coisa melhor do que ficar discutindo um assunto importante com um celerado pelas redes sociais.

Enfim, desse episódio que vivenciei extraí uma lição que passo a compartilhar com os que, iguais a mim, “andam sobre as patinhas traseiras e sabem comer com talheres” como diz o Rogério Mendelski. Ao discutir, sobre qualquer assunto, com alguém nas redes sociais, sugiro que deem antes uma olhada no perfil da pessoa. Pois quem na sua linha do tempo não muda nunca de opinião sobre nada, certamente não tem opinião alguma, pois, como disse no começo, opinião é o produto das observações dos fatos. Se os fatos mudam e a opinião do seu interlocutor não, não perca seu tempo, ele não tem opinião, tem ideologia, e com ideólogos, não há razão para discutir, eles não são capazes de refletir por si, suas manifestações são apenas o reflexo de sua ideologia.

Cezar Lopes.