Dieta do Bom Gosto
Existe
uma diferença substancial entre gosto e bom gosto. Veja, gosto é uma forma
genérica de percepção das coisas. Um limão tem gosto, ácido de bateria também.
Mas definitivamente não é um gosto bom. Chocolate também tem gosto, porém,
trata-se de um gosto bom. É simples assim.
Agora,
quando falamos de bom gosto, muitas vezes parece haver uma dissonância entre as
pessoas. O que realmente é bom gosto? Uma das definições que encontramos nos
dicionários é a de “discernimento, critério”.
Ora, basta que
tomemos estas duas palavras para elucidar o que venha a ser bom gosto em um
amplo espectro das nossas vidas.
Por exemplo,
no vestir, o bom gosto é claramente guiado pelo discernimento do indivíduo, ou
pela falta dele. Assim, quando vejo pessoas reproduzindo o modo de vestir das
personagens de novelas sem se preocuparem com o fato de que, talvez, aquela
determinada peça de roupa ou adorno simplesmente não lhe caia tão bem quanto
acontece com a personagem em quem se espelhou, sou forçado a concluir que essa
pessoa não utilizou de discernimento para avaliar sua situação e,
aparentemente, acredita ser a própria imagem e semelhança daquela na qual se
espelhou.
Na música isso
é ainda pior. Quando percebo que as pessoas, mesmo algumas que não ouvem, apoiam
coisas como o funk, fico impressionado. Procuro entender que critérios estas
pessoas estão utilizando para definir o que é bom gosto musical, mas confesso
que minha capacidade mental chega ao seu limite antes de lograr êxito em alcançar
tal entendimento.
Que as
gravadoras e a mídia vendam lixo, simplesmente por que é de fácil consumo eu
entendo. O que minha inteligência não alcança é o fato de que pessoas
sabidamente inteligentes acreditem que essa estupidez reproduzida em carros com
equipamentos de som bastante poderosos, seja considerada música e aceita como
tal. Isso é demais até para o mais liberal dos liberais.
Soube
recentemente de uma creche onde a dona colocava funk para entreter as crianças.
Santo Deus! Mas o que estamos fazendo com nossas crianças? Como é possível que
uma senhora ache normal reproduzir uma porcaria cujas leras servem apenas para
denegrir a mulher, transformando-a em um objeto sexual de menor importância
para crianças que estão dando seus primeiros passos? Dá para entender? Só posso
dizer que a essa pessoa faltou tudo, critério, discernimento, bom senso, etc.
Espero que
percebam que não sou contra as pessoas que querem simplesmente seguir a massa
sem pensar por si. Essa é uma escolha que cabe a cada um. Entretanto, espero
sinceramente que, assim como procuro respeitar o direito dos demais, os meus
direitos também sejam respeitados.
Portanto, estou
propondo um novo tipo de dieta, a dieta do bom gosto. Alguém já disse que você
é o que você come. Eu discordo. Para mim é exatamente o oposto. Penso que você
come o que come porque você é quem é.
Justamente por
pensar dessa forma que digo que a dieta do bom gosto é bastante simples.
Funciona assim. Antes de comprar uma roupa imagine-se num espelho, onde você vê
refletida toda a humanidade. Vista a tal roupa e observe o que as pessoas
farão. Lembre-se que você não está apenas entre as pessoas do seu convívio. São
pessoas que não assistem à mesma novela que você e não sabem que você está
apenas repetindo mecanicamente o que viu na TV.
Então? Elas
estão lhe admirando? Ou estão ridicularizando você? Se for o primeiro caso,
pode comprar. Se for o segundo, faça um favor a si mesmo, aumente sua autoestima,
seja quem você é, um original e não só mais uma cópia adulterada. Faça um
passeio socrático e volte para casa.
Com relação à
música a dieta do bom gosto é ainda mais simples. Pegue uma dessas coisas que
andam chamando de música, leia a letra em voz alta e se pergunte: eu cantaria
isso na frente da mamãe e do papai? Se sim, compre o CD, caso contrário, resta
evidente que não se trata de coisa digna de sua consideração.
Como disse, a
dieta do bom gosto é fácil. Então, quem se habilita?
Cezar Lopes
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