Natal Extemporâneo




Trinta e um de dezembro, Marcelo estava terminando alguns documentos em seu escritório quando de súbito:

- Ho, ho, ho!

- Aaah! Que susto! Quem é você? Como entrou aqui?

- Sou o Espírito do Natal.

- Hum, Espírito que Anda, puxa, mas você engordou hein?

- Que Espírito que Anda o quê? Sou o Espírito Natalino. Vim trazer seu presente de natal.

- Por quê?

- Por que você se comportou.

- Espere um pouco eu não conheço você, nunca fomos apresentados e você aparece do nada me trazendo um presente alegando que eu me comportei? Você anda me seguindo?

- Bem, não...

- E depois, o Natal já passou estamos na véspera de ano novo!

- É, sabe como é... A população mundial só aumenta e eu continuo com a mesma equipe desde sempre...

- Sei. E você nunca ouviu falar em DHL, Upsense, SEDEX? Depois, ainda não me explicou por que eu devo aceitar presente de um velho gordo que eu nunca vi.

- ???

- Bem, quer dizer, desculpe, não quis ofendê-lo. Devia ter dito um idoso obeso.

- Bom, alguns me chamam de Papai Noel...

- Alguns lhe chamam? E você como se chama? Afinal, você sabe quem é ou não?

- Bem, então, eu sou o Papai Noel, disse o bom velhinho já cansado de tanta retórica inútil.

- Muito prazer, Marcelo Mignon. Agora, que fomos devidamente apresentados, o que o senhor deseja senhor Noel?

- Queria entregar um presente de natal para você, mas começo a pensar se você merece...

- Não estou dizendo. Você é mesmo muito estranho. Anda por aí presenteando desconhecidos, acabamos de nos apresentar e você já está me julgando? E logo você que não é capaz, sequer, de cumprir seus próprios compromissos em dia! Ora, faça-me uma gentileza, guarde seus preconceitos para si, ok.

- É, acho que vou fazer isso mesmo, disse o bom velhinho saindo, devagar, derrotado, enquanto ouvia a voz de Marcelo, já distante, que lhe dizia:

- E veja se da próxima vez chega no horário. Diferente do Polo Norte, não temos o ano inteiro para esperar!

Cezar Lopes.

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