Os Novos Inquilinos



Ele fazia aquilo há tanto tempo que ninguém mais lembrava quando havia começado. Na maternidade todos o conheciam e lembravam-se dele, mas desde quando? Desde... Sempre.

Final do dia, o velhinho entrava com a autoridade de quem sabe aonde vai e postava-se diante do vidro observando os nascituros. Fazia caretas para uns, acenava para outros e, pouco tempo depois se retirava no mesmo passo lento e firme com que chegara.

Foi assim até o dia em que a guarda foi trocada e um jovem segurança o deteve.

- E o senhor?

- Estou bem, obrigado. Respondeu.

- Sim, mas aonde o senhor vai?

- Ah, sim, vou até a maternidade.

- Nasceu seu neto?

- Não.

- Então o que o senhor vai fazer lá?

- Ora, meu jovem, você faz muitas perguntas! Pois saiba que vou saudar os novos inquilinos. Desejar-lhes, evidentemente, uma excelente e longeva estadia!

- Como?

- Os novos inquilinos da casa que estou deixando! Com licença!

E o ancião se foi, pondo o segurança atordoado com aquela resposta que de tão óbvia lhe escapava ao entendimento!
Cezar Lopes.'.

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