A bomba no espelho

Uma amiga poeta, Pricilla Camargo, fez uma poesia perguntando o porquê de a bomba ter explodido.

A resposta que ela mesma fornece em poesia, em prosa pode ser dita assim:

- A bomba explodiu por que tinha pavio curto. Não, claro, não a bomba. O construtor da bomba.

Tivesse o ser humano mais tolerância para com aquilo que é diferente, as bombas jamais explodiriam.

Fosse, o ser humano, tão inteligente quanto pensam as mães, e tão altruístas quanto se ufanam de sê-lo os maiores líderes mundiais a bomba jamais explodiria.

Contudo, contraditoriamente, almejamos os píncaros e, no entanto, nivelamo-nos pelas masmorras. O resultado, naturalmente, é uma visão obtusa, eivada de preconceitos que ditam nossa conduta no dia-a-dia, enquanto humanidade.

Naturalmente, se você perguntar a um indivíduo o que ele deseja para o mundo, ele responderá apenas com boas palavras e bons pensamentos.

Todavia, se perguntarmos ao mundo o que ele deseja para um único cidadão, não haverá resposta. Por que o nosso todo, não reconhece a menor de suas partes.

Conseqüentemente, para se proteger do todo e garantir sua existência, os seres humanos se agrupam. Lastimavelmente, nasce, aí, um sentimento de grupo que termina por excluir dos benefícios do grupo que não pertence àquele grupo. E vai adiante, num fluxo anti-social, natural, talvez, gerando na periferia dos grupos, uma má disposição de uns grupos para com os outros.

Como em toda a periferia, o diálogo é pobre fala-se menos e age-se mais. E, claro, o que fomenta essas condutas é justamente a alienação daqueles que estão nos núcleos dos grupos, com relação aos demais grupos e mesmo com relação à periferia do seu próprio grupo.

Por isso, a bomba explode. Dissociação dos conhecimentos e das experiências do centro para a periferia dos grupos e vice-versa. Ruídos na comunicação entre os próprios membros de cada grupo e, finalmente, o que deu origem a toda esta estrutura: o medo, do indivíduo, em relação ao todo que, sendo muito maior, o desconhece e é pelo indivíduo desconhecido.

O que o indivíduo não entende é que ele é o todo e que, no fim das contas, acende o pavio das bombas, simplesmente, por medo, mas medo de si mesmo.

Falecido escritor - Cezar Lopes.

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