Eclipse

            Bons tempos em que os eclipses eram vistos como sinais dos deuses! Temos um eclipse hoje. Nada grandioso, pois que isso já virou lugar comum. Todos os que têm acesso à escola estudam e conhecem muito bem o fenômeno.
Fenômeno por fenômeno, fico com um fato que me foi trazido da Alemanha aos ouvidos pela Rádio Guaíba. O fato é que, segundo a notícia, lá quase 50% do salário é recolhido em forma de impostos.
Ora, esses alemães são mesmo muito burros né? Por que não fazem como os habitantes de Pindorama? É, por aqui não se paga tanto imposto. Sempre se dá um jeitinho de reduzir a receita ou de aumentar as despesas. Conheci uma senhora, há alguns anos, que tinha cinco filhos adotivos, só no papel, claro. Mas também, não precisava mais. Bastava isso para deduzir toda sorte de despesas do seu imposto de renda.
Naturalmente, do outro lado do balcão também há uma sutil diferença. É que aqui, do lado de baixo do equador, o dinheiro arrecadado some! É, isso mesmo! Desaparece na medida em que vai entrando até que não sobra quase nada. E essa é a diferença. Lá retorna da forma devida, aqui retorna em forma de dívida. Dívida do estado para com o estado, ou seja, para conosco.
É um faz de continha. Dos dois lados do balcão.
Por falar em faz de conta, estamos no período do Natal. E todos devem estar muito felizes e se cumprimentando por seus feitos na esperança de que o ano que vem seja melhor ainda.
Bem, não todos. Quando ando pela cidade ainda vejo crianças descalças e maltrapilhas olhando com inveja para os cachorrinhos cheirando a perfume francês, nos braços das senhoras mais distintas da nossa sociedade que só liberam seus bebês para que depositem nas calçadas aquilo que nem tão nobres criaturas podem deixar de produzir, ou seja, merda. Essa sim, a merda, fica ali na rua juntinho com as crianças.
E, afinal, por quê não? Uma vez propus um teste que ninguém quis de levar a cabo. É bastante simples. Eu explico:
Em qualquer praça de uma grande cidade, coloque uma criancinha recém nascida e abandonada ao lado de um filhote de yorkshire e ofereça os dois para adoção. Você se surpreenderá com o tamanho da fila. Para adotar o cachorro, claro.
Então, essa é a vida. Mais um Natal, mais um eclipse, mais crianças nas ruas disputando em volume e quantidade, apenas, com o cocô dos cachorrinhos perfumados.
Feliz natal. Au, au, au.
Falecido escritor- Cezar Lopes.

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