Traumas e Tramas Mentais e Existenciais
Ando
com trauma do meu despertador. Na verdade o despertador está no meu celular,
então, de quebra, estou com trauma do celular e, ainda, dos toques dos
celulares.
Atualmente
basta ouvir um celular começar a tocar para dar um pulo, sentir o coração
acelerar de nervoso e suar no corpo todo pelo mesmo motivo. E para complicar
ainda mais por infelicidade, o mesmo toque que me desperta (ou tentava me
despertar, por que agora a apreensão é tamanha que acordo várias vezes antes do
toque fatídico) é utilizado por muitas pessoas como toque do celular.
E nem adianta
trocar de toque por que logo em seguida aparece alguém que usa o mesmo toque de
novo para suas chamadas. Isso virou um verdadeiro inferno, mas como todo
inferno também tem seu lado positivo. Estou começando a achar desnecessário
dormir, assim não preciso ouvir aquela música fatídica que me tornou um
verdadeiro atleta (cada salto que nem o João do Pulo me alcança).
Assisti
a uma propaganda do governo estadual onde uma mulher aparece dizendo que nasceu
sem nada, nem água tinha para tomar quando acordava. Agora ela exibida com três
filhas (que estão na escola) e mais uma na barriga (esta não está na escola,
ainda, claro) e a voz em off diz que com o programa tal, se está levando
dignidade a quem não tinha nada. E eu fico me perguntando: mas, ô infeliz, se
tu sabes que não tem nada nem para ti, muito menos um parceiro fixo, por que tu
colocaste quatro crias no mundo? O que tu esperavas ao fazer isso? Uma
intervenção divina? Isso é coisa que se faça? Do assistencialismo do estado não
tenho o que dizer. Depois que deixou chegar à situação em que chegou, o mínimo
que pode fazer é não deixar morrer de fome mesmo. Mas, precisava deixar chegar
a este ponto? Claro que não. Nem ela nem o estado. Mas parece que este simples
entendimento é algo que embota a mente dessas pessoas e dos políticos que vêm,
nessas crianças, mais quatro votos logo ali adiante. Quanto a ela, bem, talvez
os filhos sejam a sua aposentadoria, talvez uma companhia... Não sei mais o que
pensar. Tanto elucubrei que as linhas do raciocínio se emaranharam num quebra-cabeças
de difícil solução.
Uma
propaganda me oferece uma viagem ao caribe por dois mil reais e me informa que “ainda
acrescentamos duas crianças totalmente grátis”. E eu fico com vontade de
perguntar: ok, mas pelo menos, na volta eu posso devolver as crianças? Por que
eu não tenho muito espaço em casa então, ficaria meio apertado com mais duas
pessoas por lá.
É,
parece mesmo que a razão está me abandonando muito mais rapidamente do que eu
imaginei. Bem, talvez seja para melhor, afinal, quem quer viver num mundo onde
telefones celulares se tornaram tiranos, crianças são produzidas para gerar
renda e de quebra acrescidas em pacotes de turismo?
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