Criacionismo, Evolucionismo e a Putaria

                Recentemente tive o prazer de discutir com um ex-aluno sobre assuntos que muito me agradam. Dentre eles os casos que deram origem ao título acima.

                Existem duas linhas que se julgam absolutas sobre a nossa existência nesse planeta. Uns, afirmam que somos o resultado da evolução natural das espécies, o que tem sentido, em minha opinião, desde que não se exclua a presença de um Criador. Explico mais tarde.

                Outra linha defende a criação (antigamente esse verbo ao tratar da obra Divina seria grifado CREAÇÃO) onde um Deus teria criado tudo o que existe em sete dias.

Particularmente penso que para Deus sete dias e um segundo seriam a mesma coisa, então, exceto pela simbologia dos números, não há motivo prático para atribuir tanto tempo para o trabalho de um Deus que, numa única intervenção “Faça-se a luz” tornou a escuridão universal em dia e movimentando adequadamente os corpos celestes, definiu o dia e a noite. Meio mágico, não?

                Bem, mas magia faz parte tanto do criacionismo quanto do evolucionismo. Então, quem está certo? Não sei. Mas é nessas horas que entra em cena meu lado conciliador (sim, eu tenho um lado conciliador, embora seja bem discreto).

                No meu entendimento, Stephen Hawking num dos seus livros chamado Uma Nova História do Tempo trouxe também sua luz sobre a origem da matéria (e, portanto, da vida), com o exemplo da montanha que para ser construída precisa de matéria que é retirada de um buraco que é a antimatéria e a interação entre ambas que permite que uma pequena fração de matéria permaneça após a luta entre esses titãs primordiais.

Matéria versus antimatéria. Resultado, o universo com tudo o que ele tem hoje, ainda que em forma embrionária. Daí, pulamos alguns trilhões de anos e diversas batalhas celestes terríveis e chegamos à Terra já com a vida abundante.

Em seguida vieram os credos. Na sua maioria para explicar o que não se compreendia cientificamente. Os credos também tinham um efeito didático e implicitamente científico. Na sua maioria os profetas eram pessoas esclarecidas que, observando o comportamento dos seus povos criavam regras gerais para temas particulares. Em muitos dos casos com a intenção de suprimir comportamentos que eram considerados inadequados à ordem social.

Não adiantou muito, e muitos comportamentos simplesmente viraram tabus. Ou seja, se o indivíduo praticar e for descoberto é pecado, então a prática oculta se tornou corrente. Assim, ainda que todos soubessem do que acontecia, faziam de conta que não sabiam e tudo seguia na Santa Paz. Eu coloquei os verbos no passado? Desculpem-me. Isso é assim até hoje. Nesse aspecto, nem a ciência e a evolução da inteligência contribuíram para mudar esse comportamento tão arraigado no ser humano chamado hipocrisia.

Agora, se digo que as regras eram úteis, mais úteis do ponto de vista prático do que da visão divina (afinal, como dizia um dos protagonistas do filme The Priest “com tanta coisa importante para tomar atenção de Deus, vocês acham que ele vai parar para se importar com o que o homem faz com seu pinto?”) o faço com base nos próprios textos sagrados. Leiam com atenção e critério os textos do antigo testamento e vocês encontrarão o sexo como tema de fundo de praticamente todas as ações e mesmo nos versos de Salomão, como bem lembrou meu ex-aluno, e olha que falo de alguém que tem conhecimento da matéria, afinal ele mesmo cursou teologia enquanto eu, apenas me dediquei a estudar os principais livros sagrados que conhecemos, mas de forma autodidata.

Crescei e multiplicai. Bom, isso só pode ser feito com sexo, a menos que alguém conheça outra forma. Mas essa é a forma mais suave de falar de sexo nos textos sagrados, existem outras muito mais agressivas que fariam corar todas as velhas pudicas de antanho.

Mas, não posso negar o aspecto filosófico dos profetas. Eles eram realmente sábios. E com o auxílio de Deus então, viraram profetas.

Chega de fé por enquanto. Agora vamos conhecer o que veio depois. O conhecimento científico.

Prejudicado e atrasado, em muito, pelo aspecto forçosamente oculto das práticas dos alquimistas, acredito que teríamos avançado muito mais rapidamente se não fosse a necessidade de cada alquimista de criar sua própria linguagem para evitar a perseguição religiosa.

O problema do fanatismo é que ele se sobrepõe tanto à razão quanto à fé. E o resultado sempre é prejuízo para a sociedade como um todo.

Depois de muito esforço e muitas vidas sacrificadas chegamos ao século das luzes, e a razão tomou seu lugar na humanidade.

Vieram as grandes descobertas científicas e as grandes teorias. Uma das mais controversas veio de Charles Robert Darwin que causou furor na sociedade científica da época ao afirmar que as espécies evoluíam com base na seleção natural e sexual.

Pronto. Está explicada a evolução. Excluída, é claro, a parte da ridicularização sofrida por sua teoria onde alguns mal-intencionados tentaram denegrir essa teoria afirmando que Darwin dissera que o homem viera do macaco. Um equívoco histórico que a maioria dos que defendem o criacionismo traz de volta sempre que pretende criticar o evolucionismo, e cita, como já presenciei muitas vezes, esta frase, mas não sabe explicar o que diz. Apenas repete uma frase que sequer sabe de onde veio. Será que estes evoluíram dos papagaios?

O fato é que, de acordo com o evolucionismo todos viemos de um ancestral comum. Todos, quer dizer tudo o que é vivo. E a evolução, devido aos fatores ambientais e às necessidades de sobrevivência fizeram com que a vida fosse se adaptando e daí as espécies foram se diferenciando e se solidificando.

E a evolução, em qualquer espécie, não parou e não parece que um dia, enquanto houver condições de vida na Terra, cessará. Basta observarmos que hoje somos mais altos, mais inteligentes, vivemos mais, enfim, a evolução está aí presente, visível no nosso dia-a-dia.

E Deus? Está morto, como afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsche? Creio que não. Voltando lá no começo, quando citei Stephen Hawking ao explicar a origem da matéria ele demonstra que a montanha da matéria nasce do buraco cavado na amtimatéria. Então, cientificamente pergunto: quem cavou o buraco? Aí minha fé responde: Deus.
Cezar Augusto Lopes

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