MINHA CRIANÇA


Minha criança saiu a passear, visitar amiguinhos.
Me pediu moedinhas - uns tostões, duzentos reis
para fazer compras... compras de criança.
Adulto sempre diz – não! Faz mal, tira a fome, não alimenta.
Minha criança birrenta insistiu,
choramingou, fez beicinho. Disse que gosta de mim.
Dizer não - hum! Não consegui. Consenti!

Saiu pulando, cantando, feliz,
pés descalços, cabelos ao vento.
Subiu na pitangueira
(cuidado! Por um triz você quase caiu!)
Pulou muros
(psiu! Para roubar goiabas no vizinho)
Brincou nas ondas do mar.
Jogou bolinha de gude com a molecada, soltou pandorga,
entrou na pelada, no bate-bola do Zé, fechou o gol,
pulou amarelinha, lenço-atrás, andou de patinete.
Comeu melancia, pitomba, manga, sorvete de mangaba.
A roupa, os braços, orelhas, o rosto, tudo lambuzado,
açucarado – da ponta do nariz ao dedão do pé!
(ui! Doeu a picada do marimbondo!)
Foi à matinê ver filme de cow-boy.

Cansada,
voltou para casa comendo algodão-doce
não se esquecendo de,
antes de entrar, dizer-me:

– Oi, amiguinha! Grande alegria e felicidade foi
encontrar tua criança a me esperar!

Ione Jaeger
NH/12/outubro/02

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