Reflexões sobre o ser humano

Vocês já repararam na mania que as pessoas têm de emitir opiniões sobre assuntos dos quais não têm real conhecimento? Essa é a maioria das pessoas. Mas existem algumas ainda mais incisivas. As primeiras falam do que não sabem. Essas últimas arrogam para si o direito de julgar, sentenciar e condenar com base em fatos parciais e meias-verdades. Como se sabe, meia verdade é igual à meia gravidez, não existe.
No entanto, isso não faz diferença para essas pessoas. Medindo os demais por suas próprias medidas, imaginam-se perfeitas e, só por caridade para com os inferiores, declaram que têm consciência de seus próprios defeitos e fraquezas.
Contudo, realmente, não têm. Se tivessem não os mascarariam com desculpas que servem de argumento atenuante para suas próprias falhas.
Assim, o erro dos outros é pecado. O delas é uma falha humana plenamente perdoável. Tanto que admitem suas falhas em si e nos outros com relativa passividade, pois que, em seu íntimo, já estão perdoadas.
No entanto, quando a fraqueza, a falha, dos outros está fora desse seu restrito escopo, ah... Aí temos um vício, um defeito imperdoável e digno de execração aos olhos dos homens e aos olhos dos deuses.
Agora, me digam se vocês não conhecem pessoas assim? Responder-lhes-ei que, em certa medida, todos nós somos assim.
Na realidade, medindo bem de perto, perceberemos que somos todos, salvo alguns poucos (não são mais que cinco no mundo), marginais, de certa forma.
Assim como eu acho errado um “marginal” roubar ou furtar meu carro, alguém acha errado que eu viva por credos não ortodoxos, mesmo que estes credos não invalidem o status quo estabelecido.
Agora, reflitamos a sério: para mim, é errado o crime, em sua forma mais corriqueira, por que nasci e cresci em um mundo onde isso é desnecessário para minha subsistência. Abastecido com esses valores, mais tarde, quando passei por necessidades de primeira ordem não fui capaz de transgredir essas diretrizes, em mim, inculcadas.
Entretanto, será essa a verdade? Se sim, então não são os seres humanos, tanto quanto cremos, desumanos? Se não, então por que a lei admite o crime famélico? Dessa forma, podemos perceber o quanto somos bitolados e sectaristas, mesmo entre irmãos, ainda que na própria família.
Reparem que, para aqueles que não nasceram em um universo onde o “crime” é normal, aqueles que praticam esse ato são indivíduos desprezíveis, menores. Sigamos essa mesma linha e encontraremos aqueles que não conseguem manter todos os seus compromissos em dia e, para muitos de nós, esses também serão execrados. No mesmo tom, para alguns, aqueles que não conseguem manter um jatinho ou um barco potente sempre à disposição, também são dignos de execração. E nem falamos dos valores mais humanos.
Os que não têm relacionamentos extraconjugais, crêem que os primeiros são execráveis por não se enquadrarem nessa medida.
Que dizer então daqueles que têm relacionamento conjugal, mas que não dividem o mesmo teto?
Ok. Fui longe demais para a média, mas, espero, me fiz entender.
A verdade, da forma como a entendo, é que no mundo existem dois tipos de seres humanos. Os objetivos e os subjetivos. E daí nasce a diferença. Afinal, os subjetivos compreendem, muito bem, os objetivos e respeitam sua carência filosófica. Já os objetivos não conseguem alcançar, sequer, o silêncio dos subjetivos, agredindo sua natureza objetiva. Entretanto, por não alcançarem seus intentos, instintivamente, partem para a agressão que nem imaginam possível, a agressão ao pensamento, à capacidade de transubstanciar a matéria. Questão de fé? Só para os pragmáticos. Aqueles que têm capacidade para entender o que está além da matéria não precisam ter fé. Eles são a fé, vivem-na em sua essência. E estes são poucos. Bem poucos. Que não precisam de doutrina e nem de religião. Que não tratam desses temas senão para se divertir ainda que, respeitando a média mundial, o façam entre si, e não de forma pública, com o evidente fito de exibir-se e mostrar às suas “comunidades” que estão ali, presentes, e que crêem naquela religião ou naquela doutrina.
Um advogado certamente exclamaria agora: perda de objeto! Mas, creiam, o objeto é o mesmo desde o pricípio, apenas partimos das pedras para a areia e mais além.

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