Cemitério de Sonhos
Na entrada daquele cemitério está
escrito: Nós que aqui estamos por vós esperamos!
Um simples lembrete de nossa
finitude.
Quando somos jovens temos a pretensão
de resolver tudo. Sabemos de tudo. Temos certeza de tudo e se nos falta a
certeza sempre podemos contar com amigos que nos reforçam nossa crença!
Depois de alguns anos, alguns de nós
começamos a perceber que não sabem muito e, portanto, não resolverão, de fato,
muita coisa.
O tempo avança - ou avançamos no
tempo? Nunca saberei - e descobrimos que além de ignaros pretensiosos. Somos
finitos.
Talvez seja neste ponto que começamos
a viver.
E, quem sabe, seja a partir daí, quando
os velórios começam a ser mais frequentes que os batizados e as visitas aos
cemitérios, mas rotineiras do que as celebrações fagueiras e descomprometidas
dos anos em que tínhamos toda a vida pela frente, quem sabe, seja neste ponto,
olhando os túmulos de desconhecidos, de amigos queridos e as covas que nos esperam
que comecemos a perceber que, ali, naquele campo santo, não estão apenas
corpos, mas sonhos, esperanças, desejos, mágoas, projetos, perspectivas, enfim,
ali está enterrado, um complexo emaranhado de vísceras mentais, sentimentais, que
jamais conheceremos por completo. E um dia, estaremos complementando este mundo
incompleto, eternamente incompleto, de nós mesmos. Da humanidade.
Ora, pois, se sabemos disso, por que
diabos nos perdemos em rancores, dores e frustrações tantas?
Não tenho a resposta. Mas tenho uma
meta. Aprender com os túmulos silenciosos a nunca mais abrir mão de um sonho,
um desejo, uma ideia, por mais absurda que pareça diante daqueles que, ao invés
de nos estimular, nos desestimulam.
Pois, querem saber? Nascemos e
morremos sós. Então, quando meus sonhos forem tão imponderáveis que não caibam
na caixa craniana, torná-los-ei reais. Ou morrerei tentando.
Só tenho uma certeza! Jamais
permitirei que seja sepultado, meu corpo, com meus sonhos.
No meu túmulo, creiam, estará apenas
uma carcaça putrefata, mas feliz! Feliz por sua leveza! Por não carregar
consigo nenhuma frustração ou desejo incompleto!
Cezar Lopes
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