Promessas De Ano Novo
Estive pensando – esse é meu
ofício mais gratificante – sobre as famosas promessas de ano novo. Aquelas que
já são feitas em tom de mofa, seguidas de olhares cúmplices e risadinhas
desdenhosas antecipando a pouca fé depositada no cumprimento das mesmas, feitas
para o ano vindouro.
Ora, então, pus-me a refletir.
Mas que espécie de pessoa fui, sou ou quero ser, se não deposito fé, sequer,
nos compromissos assumidos para comigo? Se começo o ano me comprometendo com
algo que não pretendo cumprir? Como esperar que creiam em mim, se eu mesmo der
testemunho de minha falta de honestidade que começa, ou deveria começar sempre,
para comigo mesmo?
Promessas são leis que criamos e
com as quais nos comprometemos. Evidentemente não há prejuízo em criar uma lei
se não houver sansão para quem não a cumprir. Então, quando fizer uma promessa,
tenha em mente que a sansão está implícita. Elas estão presentes e a perceberemos
em suas consequências.
Tenho me esforçado, desde há
muito, para desconstruir em mim tradições que se mostram vícios sociais - não é
por que as demais pessoas fazem alguma coisa que eu precise fazer também. Não é
uma tarefa fácil. De fato, é um trabalho doloroso desbastar essa pedra bruta
para descobrir a escultura que se esconde ali.
Mas não me entrego, enquanto
puder aprender, continuarei mudando, refinando, aprimorando meu ser. Espero
terminar meus dias, feliz em ser um aprendiz.
E vocês? Cumprem suas promessas? São fiéis às
leis que criam para consigo?
Cezar Lopes.'.
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