Felicidade

fonte da imagem: http://sucessomental.com/o-segredo-da-felicidade/


Vejo as pessoas lastimando não encontrarem a felicidade.
Estive refletindo sobre isso. Não foi uma reflexão solitária, pois entraram na roda grandes pensadores e suas próprias reflexões sobre o tema.


Tales de Mileto, um dos meus preferidos de seu tempo afirmava que ter "corpo são, boa sorte e alma bem formada" resultava em felicidade. Os conceitos de sorte e bem, contudo, carecem de uma análise tão profunda e de resultados tão controversos que tornam impossível uma conclusão definitiva.


Para Sócrates (se é que existiu e não se tratava apenas do alter ego de Platão) a felicidade seria alcançada por "uma conduta justa e virtuosa". Novamente encontramos dificuldades insuperáveis ao definir o que seria justo e virtuoso?


Mas deixemos a Ética de lado, nosso objetivo é alcançar a felicidade... É sobre a ideia de Immanuel Kant que desejo fazer minha crítica. Em seu livro Crítica da Razão Pura o pensador define felicidade como uma "condição do ser racional no mundo, para quem, durante a vida, as coisas lhe acontecem de acordo com o seu desejo e vontade”. É aí que me atenho e, hoje, com o acúmulo de algumas décadas, discordo.


O homem é, frequentemente, arrogante. Dá-se mais valor do que realmente tem, em alguns momentos, e menospreza as qualidades de outros homens. Também, em função da estrutura social dos dias atuais, é levado a crer que só alcançará seu objetivo se for melhor que os outros homens, tendo o que eles não têm, sendo o que eles não são. O que torna a busca da felicidade cansativa, extenuante, e inútil. Pois sempre haverá um algo a mais para procurar. Sempre haverá um corpo mais saudável (seja lá o que isso signifique!), sempre haverá alguém com formas mais perfeitas e com um veículo melhor e mais avançado, com uma casa maior e melhor, enfim, esse frenesi estimulado na sociedade de embasada no consumo desenfreado não apenas distancia o homem da felicidade como, o que é pior, tira-o do caminho que conduz a ela, substituindo-o por artifícios descartáveis que tornam a busca eterna.


Essa inquietação é tão antiga e tão cruel que faz com que o homem prefira ver seus irmãos infelizes a ser menos feliz do que eles. Ou seja, o homem, em determinado momento avalia sua felicidade de acordo com a felicidade alheia. Como no exemplo do antigo adágio em que um gênio apareceu a um camponês e lhe ofereceu um desejo advertindo-o: Tudo o que desejares, teu vizinho o terá em dobro. Se desejares uma cabra ele terá duas. Imediatamente o camponês pediu: Arranca-me um olho! Por quê? Por que ele não seria realmente feliz se a felicidade do seu vizinho fosse maior que a sua, então, como medida de felicidade adotou a ideia de que seria feliz se a sua desgraça fosse menor do que a de seu vizinho! Uau!


Assim, por sua incapacidade em perceber a real dimensão de si mesmo e daqueles que o cercam, cego por conceitos estéticos, materiais e de poder o homem busca sua felicidade em um local distante, inalcançável, ignorando que o objeto de sua busca, na maioria dos casos encontra-se ali mesmo, no seu próprio quintal.

Cezar Lopes.

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