Cezar Lopes

Estava eu no meu passeio socrático deixando as pernas me conduzirem por entre os vendilhões, observando aquela multidão atarefada, sempre correndo para não ir a lugar algum, quando, subitamente, um ambulante se achega. - Ei, amigo, quer comprar um céu? - Não, obrigado, já tenho, respondi. - Mas este aqui é muito melhor, olhe, veja! Celestial, não é? E baratinho... Para não lhe ofender detive-me por alguns instantes, dando assim uma folga aos meus calcanhares cansados das estradas deste mundo e observei seu produto. Por fim, concluí: - É, é bacana. Mas o meu ainda é melhor. E fiz menção de retomar meus passos. Mas o vendedor não se deu por vencido: - E... E que tal um inferno? Olha esse aqui... Infernal, não acha? Garanto que esse é melhor, digo, pior, que o seu. Bem, já que estava ali, não me custava dar-lhe um pouco mais de atenção. Olhei para aquele inferno e cheguei a achar graça. - He, He... Podes ter certeza de que o meu é bem pior rapaz! -...

O relógio da minha parede parou há dois dias.  Ainda assim, toda vez que passo por ali olho para ele buscando saber que horas são. Isso me levou a refletir sobre o assunto título deste trabalho. As Referências! Buscamos referências o tempo todo. Fundamentamos nossas crenças espirituais, culturais, sociais, enfim, de toda ordem, em referências.  De sorte que somos formados pelas referências que nos cercam, a começar, claro, pelos pais. Acredito que seja essa a razão pela qual sofremos. Pois, nossas referências não são, de forma geral, dinâmica, contudo, o tempo o é. Como resultado disso, novas gerações com novas referências inevitavelmente vêm. Mas quando isso acontece, nossos referenciais e nossos conceitos já estão formados. Consequentemente, quase que na maioria das vezes, teremos conflitos que irão causar toda a sorte de frustração e sofrimento. Talvez a solução seja óbvia, porém, não tão simples. Faz-se necessário que reavaliemos nossas ref...

O Felix é um grande amigo, mas me sai com cada uma que me deixa embasbacado! Pois, estava eu no café da rua Augusta, tranquilamente, tentando escolher um simples investimento para os meus parcos recursos quando chega o Feliz. - E aí? Como vai essa força? Na paz do Senhor? Não é todo o dia que vejo meu amigo, então, fico feliz em vê-lo. - Felix, que alegria encontrá-lo com saúde! - Graças a Deus! - Poxa, que bom te ver. Chega mais. Estava tentando escolher um investimento... Às vezes esqueço o lado fanático dele. - Investimento? Que é isso cara? Virou burguês? Esqueceu que o Senhor nos ensinou o desapego às coisas materiais? - Mas, Felix... - Cara, não faz isso. Pega esse dinheiro e doa aos pobres! Tu vais te sentir muito melhor. Vai por mim. Além do mais, lembre-se das palavras do Senhor: "Onde estiver o teu tesouro, ali estará o teu coração". E dizendo isso foi saindo. - Felix, volta aqui! Mas que pressa é essa? - Cara, foi bom te ver, mas tenho ...