Terra Sem Males

Em Terra Sem Males a menina que queria descobrir a verdade saiu a passear. Logo na primeira esquina encontrou uma moça muito simpática que lhe ofereceu um mate. Depois, procurou por seus amigos de infância (é que, ao contrário dela, eles cresceram). Alguns estavam por ali, outros mandaram recados de carinho e de apreço.

Dos amores juvenis, pôde sentir o olor, a sensação viva da juventude que os outros perderam, enquanto ela, em seu desejo de amar incondicionalmente, jamais soube o que era perda.

A menina reencontrou seus brinquedos e o sorriso de seus pares e, inclusive, acreditou que estava de volta ao paraíso. Essa era sua intenção quando, sem mais delongas, regressou à Terra Sem Males.

Porém, os dias foram passando e a menina percebeu, gradativamente, que suas fantasias de outrora eram pequenas, do tamanho da sua idade. E, mais, entendeu que sua Terra Sem Males era linda, mas não podia mais voltar senão por alguns momentos, posto que sua própria condição de menina não passava de um sonho, uma ilusão. Afinal, agora ela não era mais uma lagarta, mas, sim, uma linda borboleta, uma construção de seus desejos de liberdade e de brilho, na imensidão das grandes cidades.

Então, sem mais demora, a menina acordou, e percebeu que só poderia ser feliz, sendo quem era e não aquilo que sua família e seus amigos esperavam daquela menina que tinha crescido e se tornado uma artista, uma linda e livre, mulher.

Cezar Lopes.

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