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Mostrando postagens de maio, 2011

Da sabedoria popular

"Amigo é aquele que, na hora da precisão, já chega batendo sem sequer se preocupar se é briga ou batizado."

Maria fogão, Maria pia

A panela de pressão pressionando, as crianças querendo atenção, a torneira pinga-pingando e Maria, pia, pilotando o fogão. Há quem diga que foi sempre assim. Maria é piedade e redenção. Maria é amor de mãe. Maria é toda, todinha, coração. Certo? Não. Maria era uma menina fagueira, faceira, brincando de roda, pulando amarelinha, iluminando a criação. Então, de repente, começou a crescer. Deixou de lado as bonecas, e descobriu o amor. A mãe, outra Maria, pia, ficou consternada, mas o que se há de fazer. Um dia aconteceria. Antes dos dezoito Maria estava grávida e o casamento foi apressado. Depois do primeiro veio o segundo e o brilho do olhar de Maria tornou-se, gradativamente, baço. Finalmente, depois de tantas decepções que os primeiros amores trazer de roldão, perdida e sem mais qualquer ambição, Maria tornou-se a Maria, pia, suportando, despretensiosa, a panela de pressão. Cezar Lopes. 

Marcas

As marcas que ficam em nós fazem calar tagarelas tornam mais forte e mais belas as palavras ponderadas As marcas essas marcas indesejadas tornam mais curtos os caminhos limpam a poeira das estradas As marcas tal qual alegrias e mágoas ficam pelo caminho e vão conosco as primeiras para sempre as segundas para a eternidade Para guardar humildade para desconhecer vaidades benditas sejam as marcas que nos vêm com a idade. Cezar Lopes.

O náufrago número 07

Quando o número 07 acordou encontrou os destroços ao seu lado. Havia naufragado em sua passagem por este plano. Por sorte e muito esforço, conseguira sobreviver. Mas, sobreviver, simplesmente, só tem valor, importância quando se está frente à morte certa. Depois disso já não basta. Naquelas condições seu primeiro passo foi buscar os restos úteis da nau de sua existência. Náufragos, descobriu naquele instante, têm o desejo ardente de retornar ao convívio em sociedade. Logo ele, refletia, que se imaginava capaz e plenamente feliz sozinho entre as gentes! Agora, todavia, cada pedaço dos restos úteis de sua história aos quais localizava remetia-o a pessoas às quais amava, pessoas às quais magoara. Então, ele chorou. Entretanto, também encontrou pedaços inúteis da embarcação da sua vida que remeteram-no a pessoas sem qualquer importância. Pessoas que se aproximaram dele apenas pr sua incapacidade de dizer não. Nesses momentos, então, ele riu. Riu alto. Gargalhou. Quem visse aqueles inst